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Como criar um filho no exterior - Parte Final

Embora este seja um tema bastante amplo e nos faça lembrar de um milhão de coisas relacionadas, a  ideia deste post é falar sobre o sistema de saúde Holandês obviamente voltado a criança.

Claro que nada impede que atendendo aos pedidos dos leitores ou até mesmo ao surgimento de algum fato relevante que nós voltemos a abordar este assunto.

Em primeiro pedimos desculpas aos leitores portugueses deste blog, pois muitas vezes não há como dar um exemplo genérico o suficiente que atenda as dúvidas de todos já que muitas vezes nossas experiências sempre se remetem as nossas referências no Brasil.

O sistema de saúde Holandês é um sistema misto (público e privado), e por lei as pessoas pagam por parte dos serviços de saúde.

Ao chegar no país, após efetuar o registro na prefeitura e obter o chamado BSN (Burgerservicenummer), o indivíduo ou família tem um cadastro simultâneo em todos os órgãos do governo local, regional e federal.

A partir deste registro que o GGD (Gemeentelijke GezondheidsDienst) Serviço Municipal de Saúde e seus departamento regionais (Zuid Zorg por exemplo), entrarão em contato por carta ou telefone com os responsáveis pela criança através do escritório de consultas (Consultatie Bureau) que nada é uma espécie de centro médico e que efetua todo o acompanhamento do crescimento de bebês e crianças até 12 anos de idade, o "Consultatie" é uma espécie de posto de saúde aonde a criança é medida, pesada e passa regularmente em consultas com médicos e enfermeiras especializados, uma espécie de pediatras.

O "Consultatie bureau" também realiza teste de visão e monitoração e aconselha os país caso a criança esteja com problemas de desenvolvimento motor ou crescimento.

Embora o Consultatie Bureau cubra algumas das funções de um pediatra, via de regra caso a criança fique doente, ela deve ser levada primeiro ao Huisarts (medico da familia trad.livre), e não ao Consultatie Bureau. 

Na Holanda, os "Huis Arts" são distribuídos nos bairros de acordo com sua população, seus consultórios são geralmente em seu próprio bairro, mas não basta você começar a morar no bairro e já ir chegando no consultório (Pratijk), você precisa primeiro marcar uma entrevista, e verificar se o "Huis Arts" tem disponibilidade para novos pacientes, uma vez confirmado você pode começar a agendar consultas com o médico da família durante o horário comercial.

O "Huis Arts" tem a formação de um clinico geral e tem por função prover um diagnóstico inicial e a executar a triagem inicial do seu problema, quando necessário encaminhando você ou a criança a um hospital ou especialista. 

Embora o processo pareça burocrático, ele funciona e funciona muito bem, as triagens permitem que o "Huis Arts" diagnostique e ofereça tratamento a maior parte dos casos, o que diminui as filas e a procura por especialistas quando não há necessidade, evitando de criar gargalos nos hospitais e clinicas e deixando-os apenas para os casos específicos e emergências.

Cultura e medicação

Diferente do Brasil onde é comum o médico prescrever medicamentos mesmo em caso de uma gripe simples, aqui na Holanda eles acreditam que os medicamentos não devem ser introduzidos antes que o sistema imunológico comece a reagir, logo é comum ir ao médico e retornar para casa apenas com a recomendação de alguns dias de cama.

O Paracetamol

Em geral, seja qual for o seu problema, via de regra eles receitam paracetamol... mas calma... não é assim, a regra também manda que você só deve procurar o seu "Huis Arts" 3 dias após o inicio dos sintomas... e isso também se aplica a crianças e a bebês...

 Lembro-me que alguns meses depois que chegamos, nossa bebê teve febre alta, por volta de 39, 40 graus e não foi fácil explicar para o médico que queríamos uma consulta, pois ela estava com febre a menos de 24 horas. Mesmo depois da consulta, a instrução era clara, paracetamol para baixar a febre e esperar... 

Felizmente tudo acabou bem, mas nesta altura nossos nervos já estavam a flor da pele...Lembro-me de uma segunda vez que ela teve febre e a levamos no hospital num fim de semana, a médica olhou para nós e disse:

-Ela está com febre. O que vocês querem que eu faça?

Obviamente queríamos ao menos que a bebê fosse examinada para afastar a possibilidade de um problema mais grave, a médica efetuou alguns exames dentro de sua própria sala e nos disse podem ir para casa se ela não melhorar em 2 dias vocês podem retornar... Felizmente a febre passou dentro dos 2 dias.

Agora já estamos um pouco mais escolados, já descobrimos que para os bebês o paracetamol supositório é muito mais eficaz do que o líquido, embora seja desconfortável para o bebê.

E assim é vida, assim encerramos mais este post e esperamos em breve escrever um pouco mais.

Leia também:
Como criar um filho no exterior primeira parte
Como criar um filho no exterior segunda parte
De Eindhoven para o mundo
Compras via internet na Holanda

Comentários

Unknown disse…
Olá!!Nossa realmente uma mudança... vcs foram muito corajosos!! estamos morando no Brasil,e estou gravida de 8 meses... meu marido que é holandes quer voltar para a Holanda.. e eu nao estou com mil duvidas se encaro isso ou se fico aqui quietinha... exatamente por ter que enfrentar toda a familia que está malucaaaaaa com a chegada de nosso baby! todos ja o amam... e morrrroooooo de medo de ai na holanda ser tudo muito dificil e diferente com um bebe!! iriamos voltar e ele ainda teria que procurar um emprego... mesmo sendo holandes, nao sei o quanto isso facilitaria! como foi a adaptaçao de voces neste periodo de quase 1 ano!?? ja se acostumaram? e a saudade daqui do Brasil??
Olá Léa e obrigado por seu comentário.

Realmente não é uma decisão fácil de ser tomada, especialmente quando se tem um bebê a caminho.

Talvez o fato de seu marido ser Holandes facilite um pouco as coisas, mas é complicado dizer algo já que cada um pessoa
pensa de um jeito e é claro as prioridades são diferentes.

Com relação a nossa adaptação neste 1o ano, eu diria que existem várias fases de adaptação, embora também mude de pessoa para pessoa, no blog tentamos mostrar um pouco disso,
primeiro se adapta ao espaço, a localização das coisas, médico, supermercado, lojas de roupas, enfim... depois vem a adaptação aos costumes, alimentos, temperos, remédios, documentação, aulas de Holandes e por ai vai...
(não necessáriamente na mesma ordem)...

Com relação a saudade... pergunta difícil... também depende, tenho amigos que vieram para Holanda já pensando em voltar para o Brasil, com 15 dias aqui já estavam morrendo de saudades e programando para voltar, e existem outros que já se adaptaram aqui e mesmo e morrendo de saudades do Brasil nem pensam em voltar tão cedo, pois matam as saudades por telefone, web cam, etc...

No nosso caso utilizamos bastante e-mail, telefone, webcam e orkut de certa forma funciona bem. Sem dúvida nenhuma em alguns casos nada supera o "face to face" pois a comunicação eletrônica as vezes pode ser fria ou dar margem a diferentes interpretações, mas são coisas que temos que lidar. Acho que o nos ajuda muito neste sentido é sempre lembrarmos que nós 3 somos uma familia é que dependemos um do outro.

Com relação a saudade das coisas do Brasil... acho que hoje em dia isso é de menos rs... Já existem lojas na Holanda que fornecem uma grande variedade de produtos Brasileiros, tais como pão de queijo, chocolates, guaraná entre outros...

Qualquer dúvida, fique a vontade para perguntar ok?

Um ótimo parto e muitas felicidades para mamãe e o bebê.
Ana disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse…
Ola. Meu nome eh Ana. Que legal poder falar com um casal da nossa cultura e que tem necessidades similares!!! Meu marido que eh brasileiro sera transferido para a Holanda (Hilversum) em aproximadamente 2 meses. Ja moramos fora do Brasil em outra ocasiao mas nunca em um pais de lingua nao inglesa, e com a cultura, aparentemente, tao diferente da nossa. Estamos felizes e ansiosos com a mudanca. Gostaria de saber principalmente se existem brasileiras que trabalham como babas ou faxineiras ai na Holanda e quanto elas cobram em media. Meu filho tem 4 anos e ja vai a escola aqui no Brasil, eu gostaria de coloca-lo na escola ai na Holanda. Vc como eh o processo de adaptacao para alunos que nao falam ingles? E quanto a atividades extracurriculares, existem centros de atividades para criancas (natacao, futebol etc). Pelo seu blog eu tive a impressao de que tudo por ai eh muito burocratico mas funciona ne? Tem alguma dica de como devemos nos preparar para chegar ai, coisas para levar, documentos que podemos adiantar etc.
Rose*Lisa*Sarah disse…
oi,

Ana, escreva para o meu email que fica mais fácil de eu responder... o email é rose_pan@uol.com.br

quanto as atividades extra curriculares, aqui tem bastante e nesse caso não tem muita burocrácia...

se vc puder, recorte essa postagem e me mande por email...

bjs e boa mudança

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